Muitos Conflitos e uma Sociedade Dividida.
Dezembro de 2019 caminha para o seu final deixando um rastro de conflito e antagonismo na sociedade brasileira que, ao que parece, flerta com o autoritarismo em detrimento da convivência democrática. A prática da tolerância perdeu terreno. Estamos sob o império das grandes certezas e convicções. Um caminho perigoso fadado a grandes erros e muito sofrimento. Na Alemanha Nazista, todos estavam convictos da sua superioridade racial, discordar era ofender a pátria e perder a vida. Na nossa ditadura getulista, pedir por um regime democrático era garantia de cadeia, naquele momento todos acreditavam que um “pai dos pobres” era o melhor para o Brasil. Por isso, tenho muito medo de grandes verdade e certezas, elas não costumam durar muitas décadas, mas costumam fazer muitas vítimas.
Tem gente indignada com o Filme da “Porta dos Fundos” sobre o natal, eu achei uma bobagem. Se você não gosta não assista, cancele a Netiflix faça o que bem entender, agora, não vem tentar tirar do ar porque aí você feriu o meu direito de escolha de assistir ou não.
Há uma grande discussão sobre drogas nas Universidades Federais, qualquer um que visitar um Campus vai ver o consumo de drogas livre leve e solto pelos seus jardins. Mas a Universidade é muito mais que isso. Nenhum drogado vai virar um Médico, Dentista, ou Advogado, não combina, não dá certo. Não se pode fazer disso o centro da questão do Ensino Superior Brasileiro, isso é marginal, assim como em nossa sociedade, a droga marginaliza e estraga vidas, é um grande problema, mas ela não define as ações da sociedade produtiva. Na Universidade é a mesma coisa, a droga está lá estragando vidas, mas não interfere na formação daqueles que almejam uma carreira produtiva e inserida na sociedade. Não podemos deixar nosso sistema federal de ensino ser tratado como um centro produtor e distribuidor de drogas, ele é muito mais que isso.
A questão ambiental é outra fonte de celeumas sem fim, de um lado aqueles que que não acreditam que ações do homem tenham força suficiente para alterar as condições climáticas do planeta, não é achismo, existem muitos estudos sérios que sustentam isso. De outro lado, aqueles que acham que estamos na beira do abismo e que o meio ambiente está em ponto de colapso, também embasados em uma pilha de estudos. O que sabemos é que os grandes centros urbanos, como São Paulo, Pequim e outros podem ter o ar comprometido por poluentes de toda ordem prejudicando a saúde de seus moradores. O que não se sabe se sabe é, se esses efeitos locais podem alterar todo o clima do planeta. Enquanto isso, se trava uma briga de morte entre ambientalistas e negacionistas. O bom senso indica o caminho da sanidade para o homem. Vamos cuidar do ar que respiramos e da água que usamos. O resto virá por consequência. No Brasil metade da população não possui coleta de esgotos. A questão do lixo é caótica, mas é mais fácil levantar dinheiro para proteger as “Girafas da Amazônia” do que para fazer uma rede de esgoto. O ambientalismo mira os micos leões dourados e baleias, mas não mira a sanidade do ambiente onde vivem os humanos.
A questão do gênero nas escolas virou uma obsessão de pais, educadores e religiosos. Qualquer um que tenha enfrentado uma classe para lecionar sabe que, lá se encontra de tudo homens, mulheres, branco e negros, deficientes auditivos e visuais, autistas, gays, cristão, umbandistas entre outros. O desafio do professor é que todos sejam tratados iguais e que o respeito pelas diferenças prevaleça, pois é essencial para a harmonia do ambiente escolar e para o aprendizado. Mais que isso entramos na seara da ideologia. Aí começam as surgir as idéias mais estapafúrdias, voltar a ter colégios separados para meninos e meninas, a influência das religiões no espaço da escola que assim como o Estado deveria ser laico. Enquanto se discute ideologia de gênero, kit gay e outras sandices, mais da metade dos nossos alunos da rede pública saem da escola, depois de uma década, sem saber interpretar um texto que leem ou fazerem contas elementares de matemática. Com todo respeito ao debate educacional eu acho que o único foco que realmente importa é o do aprendizado. O resto é guerrilha do Facebook.
Que venha 2020, com mais sensatez.
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