É doido, mas não rasga dinheiro
Quem acompanha o noticiário fica com a impressão de que temos um Presidente tresloucado, boquirroto e que é a maior causa dos problemas do seu próprio Governo. Mas uma reflexão sobre os primeiros seis meses de governo nos permite vislumbrar uma estratégia de comunicação inusitada, que efetivamente está produzindo frutos. O Presidente Bolsonaro, apanhou da mídia, dia sim outro também, desde o dia que tomou posse, tudo que falava ou fazia era repercutido da pior forma possível. Apareceram vários interlocutores para interpretar o que o Presidente dizia. O Vice Mourão virou um especialista em traduzir o “Bolsonarês”. O Presidente vivia acuado pela mídia, sendo colocado de lado pela comunicação do próprio Governo. Entretanto, a partir da aprovação da Reforma da Previdência, no primeiro turno, o Presidente ocupou o centro do palco e passou a pautar a mídia com as suas falas pouco polidas e suas polêmicas de resultado zero. Nessa nova postura, bateu de frente com o Presidente da OAB, trocou os membros da Comissão de mortos e desaparecidos do Regime Militar, confrontou o INPE e os seus dados de desmatamento, cancelou compromisso com o Ministro francês e foi cortar cabelo, resumindo, teve de um tudo. Enquanto a imprensa se ocupava da pauta tresloucada do Presidente a imprensa tirou o foco de pautas complicadas para ele, como a indicação do filho para a embaixada de Washington e o caso Queirós, que praticamente sumiram do noticiário, da mesma forma o hackeamento de autoridades da República foi para o segundo plano do noticiário. Enquanto a mídia se esforça para repercutir as pautas negativas do Governo, muitas coisas estão mudando no mundo real, sem a devida atenção dos meios de comunicação. A Petrobrás no primeiro semestre de 2019 praticamente dobrou o seu lucro em relação ao semestre passado, que foi o primeiro semestre de lucro, depois de anos de prejuízo em função do “Petrolão”. A taxa de juros do Banco Central baixou para 6,0% o valor mais baixo de nossa história, a queda da taxa de juros tem um efeito enorme nos custos dos juros da dívida pública, isso vai aliviar o orçamento e muito provavelmente diminuir os contingenciamentos de despesas até o final do ano. A queda de meio ponto, no valor da taxa Selic, produz uma economia enorme no dispêndio de juros do Governo, procurei o valor correto, mas não encontrei as projeções, a mídia nesse momento está muito ocupada com o corte de cabelo do Presidente. A inflação, continua estável e bem abaixo da meta do Banco Central, o desemprego, o nosso pior pesadelo, teve a maior geração de novas vagas, desde 2013. O número de falências e recuperação judiciais começou a cair. A economia emite sinais, que nos permite prever uma retomada mais forte da atividade econômica. O primeiro semestre do novo Governo transcorreu sem a concessão de subsídios ou incentivos de qualquer natureza, para qualquer tipo setor da economia. O Governo se manteve longe dos grupos de pressão corporativas que gravitam em torno do Planalto. Os Bancos Estatais não se envolveram em nenhum projeto questionável. Sistematicamente o Governo vem desmontando o cipoal de regulamentação, gerido dentro da máquina pública, que infernizam a atividade econômica. A última desregulação extinguiu exigência de adaptação de equipamentos industriais importados. A coisa funcionava assim: O Empresário comprava uma máquina de fazer biscoitos alemã. Para operar no Brasil o importador tinha que passar o equipamento por uma inspeção de segurança do trabalho que pedia alterações no equipamento, do tipo uma segunda chave de desligamento para canhotos e outras bizarrices. eessas adaptações custavam em média 35% do valor do equipamento e só podiam ser feitas por empresas credenciadas junto ao órgão fiscalizador. Uma festa burocrática. Com uma penada só, o Presidente extinguiu esse tipo de coisas pra equipamentos importados de países, que tenham critérios de segurança do trabalho, similares aos brasileiros. Iguais a essas atitudes outras vem sendo tomadas para simplificar a vida de quem se dedica à produção no Brasil. O cenário futuro não é de euforia, mas não traz nenhum elemento novo de preocupação e pessimismo. Tanto é assim é que o mercado financeiro opera em uma calma poucas vezes vista. O dólar tem oscilado pouco e a Bolsa de Valores tem operado com um cenário de estabilidade e de recuperação econômica. A nova estratégia de comunicação do Presidente, que poderíamos chamar de “Deixa que eu Chuto.” Tirou o discurso da oposição que não consegue propor nada e vive exclusivamente de criticar o Presidente, da mesma forma, ao ocupar a mídia ele a desqualifica para a população que a vê cada vez mais engajada politicamente contra o Governo. O Presidente Bolsonaro com sua nova postura tirou o discurso da oposição e deixou a mídia mal na foto, enquanto o país experimenta melhoras. A estratégia pode parecer suicida e louca, mas a minha visão é que o Presidente parece louco, mas é daqueles doidos que não rasgam dinheiro.
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