Lutando pela vida
Enquanto o país assiste ao desenrolar da Tragédia de Brumadinho, à circense derrota do Renan no Senado e ao pacote do Moro, o Presidente Bolsonaro luta pela própria vida, em São Paulo, sem que a população se aperceba da gravidade da situação.
Enquanto o país assiste ao desenrolar da Tragédia de Brumadinho, à circense derrota do Renan no Senado e ao pacote do Moro, o Presidente Bolsonaro luta pela própria vida, em São Paulo, sem que a população se aperceba da gravidade da situação. Em se tratando de doenças presidenciais, as informações sempre deixam mais dúvidas que esclarecimentos. Depois de uma operação que durou inacreditáveis dez horas, o quadro de saúde do Presidente não aponta para uma recuperação rápida. Fazendo uma análise de engenheiro, lastreada em mecânica dos fluidos, a primeira coisa que me incomodou foi a demora para a retirada da bolsa de colostomia. A manutenção da bolsa significou a manutenção de grande parte do intestino sem funcionamento, encanamento abandonado é sempre fonte de problemas. A longa operação mostrou a existência muitas aderências no intestino e o rompimento de pontos das operações anteriores, o que para mim significa obstruções intestinais. Terminada a operação, passados alguns dias, vem a notícia da colocação de uma sonda nasogástrica, que serve para esvaziar o estômago. Ora, se o estômago está precisando ser esvaziado por sonda, isso significa que o intestino não está conseguindo cumprir sua função, ou seja a cirurgia ainda não produziu o resultado esperado. Finalmente, se noticiou uma pneumonia. A longa permanência no hospital e a queda na imunidade está afetando o paciente. Não estou tranquilo quanto à evolução do quadro e acho que está na hora de voltarmos nossos olhos para o que acontece no Albert Einstein e começarmos a orar pelo Presidente.
A eleição na Câmara dos Deputados seguiu o que se esperava, com a recondução do Rodrigo Maia, sem novidades e sem muitas expectativas. A coisa no Senado, entretanto, foi um circo de horrores, teve de tudo, roubo de pasta do Presidente, votação para o voto aberto cancelada pelo Presidente do Supremo, no meio da madrugada, muito bate-boca, baixarias, e ao final, conseguiram derrotar o Renan. Foi eleito um Senador do Amapá, que quase ninguém tinha ouvido falar até então. A eleição do novo Presidente deu início ao processo de composição da Mesa e Comissões. Depois de décadas, é a primeira vez que vemos o PT fora da direção do Senado. Mudou muito, mas não mudou tanto assim. Para terceira secretaria foi eleito o enroladíssimo Senador Flávio Bolsonaro. Nessa terceira Secretaria ele será responsável principalmente, pela chamada e confirmação de presença dos Senadores. Para tanto poderá nomear doze assessores, com salários em torno de R$ 20.000,00. Resumindo, serão treze pessoas para cuidar da chamada de oitenta e dois senadores que trabalham em média três dias por semana. Nosso desejo de sucesso ao Senador do Rio, nesse estafante trabalho que tem pela frente.
Outro momento de grande impacto da semana, foi a apresentação do pacote anticrime do Ministro Moro. O pacote surpreende pela obviedade das medidas propostas, trata de ações que são de senso comum para as pessoas. Prevê tratamento diferenciado para criminosos contumazes e ligados a facções ou ao crime organizado. Prevê pena diferenciada para quem confessa o crime e evita um longo processo e a possibilidade de impunidade por prescrição. Prevê tratamento diferenciado para o Policial que mata em confronto armado e coisas do gênero. Prevê ainda o endurecimento das penas para os crimes de corrupção. O pacote só encontrou resistência no PT, por óbvias questões de causa própria e na OAB, que vê nele a diminuição do seu vasto mercado de chicanas jurídicas, no mais é um sucesso de público e crítica. O que surpreende no pacote do Moro é como tudo isso não foi feito até hoje, ou como foi que geramos um sistema jurídico tão falho como o que temos. O pacote deverá enfrentar resistências ocultas, por parte dos políticos enrolados com a justiça, e pelo fato de que tramitará paralelamente à polêmica reforma da previdência, que todo mundo discute, mas que ninguém sabe ainda o seu conteúdo.
A semana foi marcada ainda por uma reunião entre a Vale e as vítimas de Brumadinho. A certa altura do encontro uma das vítimas tomou a palavra e produziu, o que eu considero a frase mais devastadora sobre o caso, “A Vale é muito rápida para matar e muito lenta para cuidar das vítimas que faz.” Prosseguiu lembrando que a companhia ainda não pagou nenhuma indenização para as vítimas de Mariana e nem pagou nenhuma das multas aplicada por aquele acidente de três anos atrás. Calou a boca de todos presentes e deixou a Vale moralmente nua. Não sei o nome do autor da frase, a TV não deu, mas meus parabéns pela síntese contundente que fez, da situação que vemos todos os dias pela TV.
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