Vagando Pelo Deserto
Normalmente escrevo minha Coluna, para o Zona Da Mata, as sextas-feiras onde faço um resumo da semana. Nesta última sexta tive enorme dificuldade de analisar a semana, fiquei com a sensação de ter passado o tempo todo assistindo a Lagoa Azul na sessão da tarde. O Supremo fazendo contorcionismos para soltar bandidos ricos, Procurador atirando em Juíza, Auditor da Lava jato sendo preso pela própria Lava jato, por extorsão a investigados, o Congresso tentando aprovar Leis que geram privilégios e ou protegem poderosos, o PCC financiando advogados de políticos corruptos, um desânimo total, com uma pauta tóxica e repetitiva. Refletindo sobre isso, lembrei de uma passagem bíblica que é o Êxodos, onde os Judeus fogem do Egito para a terra prometida. A saída do Egito todo mundo conhece, pragas em profusão até que se permite a saída dos Hebreus, mas a parte que sempre me chamou a atenção foram os quarenta anos vagando pelo deserto. Resumindo, sair do Egito foi a parte fácil, tirar o Egito de dentro dos Hebreus gastou quarenta anos, extirpar a mentalidade escrava é que foi o grande desafio. Acho que estamos vivendo algo semelhante no Brasil, tirar o PT e o seu projeto de perpetuação do poder foi a parte fácil, agora desaparelhar as instituições e a sociedade é a parte complicada. Acho que teremos que marchar muito para chegar a outro país e a outra mentalidade. Diante dessa conclusão, nesta segunda, não pretendo analisar o que passou, mas refletir no que está por vir.
Analistas internacionais tem apontado para uma desaceleração da economia mundial, mesmo nos Estados Unidos, os Banco Centrais vem reduzindo as suas taxas de juros como forma de se evitar, adiar ou amenizar o fenômeno. Neste contexto mundial, o Brasil começa a ser visto como uma economia fragilizada, mas que vem se recuperando e se estruturando para um período mais sólido, em face das reformas em curso. Se essa percepção estiver correta os leilões do Présal, previstos pra novembro, podem surpreender pelos valores arrecadados e pelo interesse internacional gerado. Se isso se confirmar poderemos estar de frente para a recuperação da Industria do Petróleo, destruída pela corrupção petista e pelo erro estratégico de se planejar um salto para o mundo do petróleo, imaginando a permanência de seu valor de pico, o que não ocorreu. Agora as coisas estão seguindo em bases mais realistas. A Petrobrás em agosto, conseguiu aumentar a sua produção em 25%, comparado com agosto passado, o prejuízo crônico virou lucro e o endividamento é alto, mas está equacionado. Os atentados na Arábia Saudita mostraram ao mundo a necessidade de diversificação da oferta de petróleo. O panorama externo está totalmente favorável, vamos aguardar novembro, onde se pode ter início um novo ciclo virtuoso da indústria do petróleo e para o país.
Todos os ciclos de crescimento econômico, vividos pelo Brasil, foram produzidos graças ao investimento público. Neste momento o Governo luta para manter o controle de suas contas, salário e previdência ocupam alguma coisa em torno de 90% do orçamento, sem falar da dívida interna de quase o valor de um PIB. Assim, a economia brasileira vem se recuperando lentamente, sem a interferência do Governo, podemos dizer, que vem melhorando apesar do Governo. O mercado imobiliário vem dando sinais de crescimento com as empresas captando recursos nas Bolsas de Valores e não mais junto aos bancos públicos. Nesse mesmo rastro muitas outras novidades vão surgindo para suprir a retirada do Governo da atividade econômica. O empresariado ao invés de peregrinar a Brasília, em busca de dinheiro barato e proteção legal, estãp se voltando para o próprio mercado e melhorando a sua capacidade de investir. Esperamos que os tempos da JBS e Eikes Baptista tenham ficado no passado ou em Bangu I, se o Gilmar não soltar.
No Vaticano começou o Sínodo da Amazônia com todos os Bispos vestidos de verde na Basílica de São Pedro, numa cena de cinema. A pergunta que cabe é porque o Vaticano reuniu os Bispos do mundo pela Amazônia? A resposta pode estar na Igreja Católica Brasileira. Pesquisas recentes, que andam de mão em mão pelos templos e catedrais do Brasil, dão conta de que o apoio irrestrito da Igreja Brasileira ao PT deixou na população a impressão de que a Igreja não se posicionou firmemente contra a corrupção e que o seu silêncio, ao fim e ao cabo, acabou sendo visto como um apoio silencioso. Não é por outra razão que os evangélicos aderiram fortemente aos movimentos anticorrupção. Neste cenário, vendo um de seus maiores rebanhos em situação incômoda, o Vaticano resolveu aderir a uma pauta ecológica e politicamente correta. Vamos proteger árvores, passarinhos e índios e esquecer o passado de apoio a um projeto totalitário e corrupto que sempre encontrou abrigo nas sacristias país afora. Esse sínodo, a meu ver, é uma pausa midiática, para melhorar a imagem e evitar que os movimentos católicos, que pedem a retirada das bandeiras vermelhas dos altares, saiam de controle.
Na próxima sexta eu volto.
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